Certa vez ouvi de um missionário que
trabalhava entre os povos não alcançados: “A grande dificuldade para a
conversão de um muçulmano é a instabilidade doutrinária dos evangélicos em
geral”. Diante do exposto, pedi-lhe mais explicações e ele
complementou... “Para um muçulmano: ‘O que Alá falou, tá falado. Não se
discute e não se atualiza a nossa doutrina”.
Tenho as minhas convicções
doutrinárias, as quais me nego veementemente a “atualizá-las”, pois entendo não
serem como programas de computador que necessitam sempre de atualização. Será
que a “intelectualização” dos homens
tem o poder de suplantar o entendimento doutrinário que os grandes homens de
Deus tiveram no passado? Estariam eles desatualizados? Fico impressionado com a
dedicação de muitos ao estudo das línguas originais, escrevem livros, na busca
de alargar o caminho, tornar o fardo leve e transformar a pesada cruz de
madeira em isopor (Lucas 14.27).
Certa feita um colega me fez a seguinte
indagação: “Você ainda tem a mesma posição quanto àquela questão
doutrinária?” Prontamente respondi que sim. Ele me disse que havia mudado.
Provavelmente ele acabara de ler algum livro de um teólogo, que vive
covardemente sob a pressão da sociedade ou dos mandões de igreja.
No momento fiquei chocado e pensei que
eu também poderia mudar, pois a mudança poderia fazer de mim um pastor mais
“tolerante”, “simpático” e bem mais “light”. Eu passaria a “jogar para a
torcida”, mas Deus jamais estaria comigo nesse jogo.
Quando aceitamos as mudanças
doutrinárias que nos levam a tolerância para com o pecado, sinalizamos para o
mundo: “O que Deus falou, não está falado. Não dá para sustentar a Verdade! O
mundo mudou e Deus tem que mudar também! Os princípios divinos estão caducos!
Vivemos outra realidade! A sociedade mudou! etc.”
A nossa postura pode tirar um incrédulo
do caminho da salvação. Ele precisa saber que Deus não muda e tão pouco os seus
eternos princípios. A cruz ainda existe para ser carregada (Lucas 14.27). O
fardo está ai para ser transportado. O caminho difícil e estreito está ai para
ser trilhado (Mateus 7.13). Todo mundo está “virando crente”, porque se prega
um evangelho frouxo, medroso e fajuto. O apóstolo Paulo já tinha essa mesma
preocupação quando alertou os gálatas quanto à pregação de “outro evangelho”
(Gálatas 1.6-8).
Mas se pregarmos e vivermos o
verdadeiro evangelho as pessoas não vão “virar crentes”, mas serão
transformadas, feitas novas criaturas, e, capacitadas pelo Espírito Santo, vão
mudar e estarão dispostas a pagarem o alto preço de serem crentes no Senhor
Jesus.
Certa feita o Senhor Jesus chamou seus
discípulos à responsabilidade e deu-lhes a opção de abandoná-lo (João 6.66).
Muitos covardemente o abandonaram: Nós mudamos! Não queremos mais andar com o
Senhor e nem ouvir seu discurso! O caminho é muito difícil (João 6.60)! Porém,
Pedro levantou-se e disse:
“Mestre, para quem iremos nós? Só tu
tens palavras de verdade.”
Eu não mudo! - João 6.67-68.
Pr. Mendes – SP/Atibaia
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